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SOLARPUNK: Um gênero da ficção científica onde a humanidade concilia tecnologia á natureza

Em um planeta exausto por guerras, colapsos ambientais, crises sociais e distopias cinematográficas, um novo imaginário começa a brotar em cantos inesperados — redes sociais, coletivos artísticos, arquitetura alternativa e até mesmo no universo dos jogos e vídeos independentes. Esse imaginário tem nome: Solarpunk. Mais que um estilo estético, o Solarpunk é uma proposta de mundo. Uma forma de imaginar e construir um futuro regenerativo, justo e vibrante.




Onde nasceu o Solarpunk?

O termo “Solarpunk” começou a circular na internet por volta de 2008, como resposta ao domínio do cyberpunk e das distopias sombrias. Enquanto o cyberpunk mostra um futuro high-tech e low-life — dominado por corporações, colapsos sociais e escassez — o Solarpunk propõe o oposto: tecnologia limpa, comunidades colaborativas e natureza integrada ao urbano.





Inspirado por ideais do movimento punk (autonomia, resistência e criação de alternativas), o Solarpunk junta raízes no design sustentável, na permacultura, nas energias renováveis e em culturas indígenas e afrodescendentes que há séculos vivem em harmonia com o planeta. Ele é descentralizado, plural e radicalmente otimista.


Referências globais: de coletivos urbanos a ficções especulativas

Ao redor do mundo, o Solarpunk tem se expressado em diferentes formas:

  • Na literatura, A primeira menção ao solarpunk se remonta a 2008 quando o blog Republic of the Bees publicou o artigo “Del Steampunk a Solarpunk”. Não obstante, seu nascimento oficial como gênero literário aconteceria em 2012, com a aparição de uma antologia brasileira intitulada Solarpunk: Histórias ecológicas e fantásticas em um mundo sustentável, organizada por um conhecido do programa Gerson Lodi-Ribeiro. O livro está formado por uma série de contos curtos com uma perspectiva otimista sobre o futuro. Posteriormente, em 2018, a obra foi traduzida ao inglês com o nome de Solarpunk: Ecological and Fantastical Stories in a Sustainable World.


  • Na arquitetura, com propostas de urbanismo regenerativo como o projeto Forest City na China, ou bairros experimentais sustentáveis na Alemanha.


  • No design, com iniciativas como o Regen Villages, na Holanda, que mescla casas autossuficientes, agroflorestas e sistemas inteligentes de reaproveitamento de recursos.


  • No cinema, "Wakanda", do universo Pantera Negra, é um exemplo claro: uma sociedade tecnologicamente avançada, sustentável e profundamente conectada com sua cultura ancestral e com a natureza — um reflexo direto da visão solarpunk de futuro. Já a animação "Wall-E" da Pixar, apesar de começar com um cenário distópico, aponta para uma regeneração possível no final, quando a humanidade retorna à Terra para reconstruí-la com mais consciência — outro princípio fundamental do solarpunk.






Dear Alice: a carta para o futuro que toca o presente

Um dos marcos visuais mais sensíveis do movimento é o curta-metragem “Dear Alice”, dirigido por Victoria Bousis. O vídeo apresenta uma jovem escrevendo uma carta para sua neta — Alice — descrevendo o que aconteceu com o planeta, e como foi possível reverter a crise climática. A narrativa é entrelaçada com imagens de uma sociedade regenerada: casas cobertas por vegetação, crianças brincando entre hortas, tecnologia limpa sendo usada para restaurar ecossistemas.

“Dear Alice” toca justamente o ponto central do Solarpunk: a importância de imaginar futuros belos e possíveis para que possamos, no presente, construí-los.



Um jogo que nos convida a plantar o amanhã

Outra expressão poderosa do Solarpunk é o videogame “Solarpunk”, desenvolvido pelo estúdio Cyberwave. O jogo, ainda em fase de desenvolvimento, é ambientado em ilhas flutuantes onde os jogadores constroem ecossistemas sustentáveis, cultivam alimentos, criam fontes de energia limpa e colaboram com outros personagens para manter o equilíbrio ambiental.

Diferente da lógica de destruição comum nos jogos de ação, “Solarpunk” propõe um gameplay construtivo, colaborativo e regenerativo — um reflexo direto dos valores do movimento.



Uma utopia possível


Enquanto filmes e séries populares nos acostumaram a imaginar o amanhã como uma sucessão de tragédias, o Solarpunk propõe o oposto: cidades verdes, comunidades colaborativas, tecnologias limpas e regeneração dos ecossistemas. É como olhar para frente e, em vez de ver destruição, ver árvores tortuosas do Cerrado brotando de prédios futuristas, bicicletas conectadas por ciclovias aéreas, hortas comunitárias nas praças e energia vinda diretamente do sol.



Congresso Nacional Solarpunk. Imagem criada com ajuda de I.A. pelo designer Alisson Sindeaux
Congresso Nacional Solarpunk. Imagem criada com ajuda de I.A. pelo designer Alisson Sindeaux


O movimento une design, arquitetura, ciência, moda, espiritualidade, agroecologia e cultura regenerativa em uma mesma narrativa. Não se trata de negar os desafios do presente, mas de construir — estética e praticamente — caminhos sustentáveis e desejáveis.


Imagens que transformam o inconsciente

Segundo psicólogos e pesquisadores da imaginação, a forma como visualizamos o futuro afeta diretamente nossas decisões no presente. Se acreditamos que tudo está perdido, tendemos à apatia. Mas se conseguimos visualizar um mundo belo, justo e regenerado, despertamos forças criativas para transformar a realidade.





Nesse sentido, o Solarpunk não é apenas um movimento artístico, mas uma ferramenta poderosa de reprogramação do inconsciente coletivo. Suas imagens são sementes plantadas na psique — e como toda semente, precisam de cuidado, repetição e crença para florescerem em realidade.


Do Cerrado ao mundo,

imagine uma Brasília SolarPunk


Em lugares como Brasília, essa visão ganha contornos ainda mais potentes. A cidade, símbolo do modernismo racionalista, poderia se tornar um laboratório vivo de um urbanismo regenerativo. Imagine os arcos da Ponte JK cobertos por cipós floridos, araras azuis sobrevoando jardins verticais na Esplanada dos Ministérios, e o Congresso Nacional envolto em hortas e espelhos d’água com plantas aquáticas do bioma do Cerrado.

Essa Brasília solar punk não é só sonho. É proposta. É provocação. É antídoto à desesperança.




Desde sua fundação, a cidade foi pensada com amplos espaços verdes, espelhos d’água e uma conexão visual com o horizonte, algo raro nas grandes metrópoles. O Plano Piloto, desenhado por Lúcio Costa, reservou vastas áreas para a vegetação nativa, criando uma convivência entre arquitetura e natureza. Parques como o Parque da Cidade, o Jardim Botânico e as zonas de proteção ambiental próximas ao Lago Paranoá mantêm viva a biodiversidade do Cerrado — o segundo maior bioma do país, berço das águas e um dos mais ameaçados.


Além disso, os jardins projetados por Burle Marx, com sua estética orgânica e uso de espécies nativas, anteciparam valores do solarpunk, como a integração entre arte, ecologia e espaço urbano. As árvores tortuosas do Cerrado — ipês, buritis, cagaitas, pequizeiros — convivem com a arquitetura monumental, formando uma paisagem única onde o concreto branco encontra o verde resiliente.


No entanto, para que Brasília se torne um verdadeiro modelo solarpunk, alguns desafios precisam ser enfrentados. A mobilidade urbana ainda depende fortemente do transporte individual, o que aumenta a emissão de poluentes e afasta os ideais de uma cidade limpa e acessível. Investir em transporte público eficiente, elétrico e integrado a ciclovias é urgente.


Outros pontos críticos incluem o combate à desigualdade socioespacial, especialmente nas regiões periféricas, onde faltam infraestrutura básica, acesso à cultura e à natureza. A cidade também precisa melhorar a gestão dos resíduos sólidos, fomentar hortas urbanas comunitárias e edificações com telhados verdes e energia solar.

Brasília já é, em muitos sentidos, um terreno fértil para o futuro regenerativo que o solarpunk propõe. Com vontade política, participação cidadã e criatividade, é possível transformar a capital em um símbolo global de esperança, beleza e equilíbrio com o planeta


O futuro que queremos começa agora

Num tempo em que muitos desistem do amanhã, o Solarpunk nos convida a imaginar o impossível — e mais do que isso, a construí-lo. Afinal, como diz o próprio lema do movimento: “O Solarpunk não é um futuro garantido. Mas é um futuro pelo qual vale a pena lutar.”



Teatro Nacional Solarpunk. Imagens criadas com ajuda de I.A. pelo designer Alisson Sindeaux
Teatro Nacional Solarpunk. Imagens criadas com ajuda de I.A. pelo designer Alisson Sindeaux


Torre de TV Solarpunk. Imagens criadas com ajuda de I.A. pelo designer Alisson Sindeaux
Torre de TV Solarpunk. Imagens criadas com ajuda de I.A. pelo designer Alisson Sindeaux


Congresso Nacional Solarpunk. Imagens criadas com ajuda de I.A.

pelo designer Alisson Sindeaux

Brasilía Solarpunk. Imagens criadas com ajuda de I.A.

pelo designer Alisson Sindeaux



STF Solarpunk. Imagem criada com a ajuda de I.A. pelo designer Alisson Sindeaux
STF Solarpunk. Imagem criada com a ajuda de I.A. pelo designer Alisson Sindeaux

 
 
 

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